terça-feira, 25 de junho de 2013

Libertação animal é uma questão de esquerda

Libertação animal?

Nossa sociedade é especista. Especismo é um termo que faz, intencionalmente, paralelo com racismo e machismo. Especismo é a crença de que nossa espécie, a humana, tem o direito de escravizar e explorar as outras. Essa crença generalizada está expressa em nosso consumo totalmente aceito socialmente de carne, leite, ovos e demais derivados animais. A pecuária é uma indústria cruel que reifica seres sencientes, os animais não-humanos, portanto, não é só o assassinato de uma vaca ou porco que é cruel: é toda a sua criação sem dignidade para um propósito de satisfazer algo tão momentâneo quanto nosso paladar, é toda a ideologia que sustenta a escravidão animal.
"Os animais existem por seus próprios propósitos. Não existem para servir os humanos, assim como as mulheres não existem para servir os homens e nem os negros existem para servir os brancos."
- Alice Walker

Vou indicar links ao final do texto sobre veganismo, mas, só pra adiantar , o veganismo é o estilo de vida que opta pela abstenção do consumo de ingredientes de origem animal na alimentação, vestuário, etc. Vejo, contudo, o veganismo como uma política de redução de danos, pois infelizmente, por exemplo, todos os medicamentos alopáticos do Brasil são testados em animais, muitíssimos produtos de beleza e higiene pessoal.

Enfim, vou retornar ao título do blog: Acredito que a libertação animal seja questão de esquerda. Todavia, temos algumas sérias barreiras: libertação animal depende de solidariedade humana. Os animais sencientes ocupam uma posição única nas classes oprimidas: Não falam por si. Mulheres, pessoas trans*, negrxs, moradorxs de rua, são classes oprimidas, porém, se receberem espaço para falar, podem advogar por si. Isso não ocorre com os animais não-humanos; as vacas não podem fazer um sindicato e greves para exigirem que nós paremos de roubar o leite delas que é para seus bezerros, ou estuprá-las constantemente para que estejam sempre lactando.

A segunda barreira é que os direitos animais estão muito atrás dos direitos de outras classes. Os abolicionistas da escravidão de negrxs eram vistxs como loki em suas épocas, feministas ainda o são, militantes LGBT tem de assistir, mais de 20 anos após a Organização Mundial da Saúde declarar que homossexualidade não é doença, nossa Comissão de Direitos Humanos retirar o impedimento que o Conselho Federal de Psicologia havia estabelecido a fim de que psicólogxs sejam proibidxs de tratar a homossexualidade. Logo mais eles poderão tratar. Transexualidade, aliás, ainda é patologizada. Se tá ruim assim pra humanxs, imagina para animais?

A terceira barreira, na minha opinião, é o velho e bom "O pessoal é político". Essa frase era um dos lemas das feministas de segunda onda, e quer dizer que devemos analisar criticamente nossas "escolhas pessoais", porque política se faz com o que consideramos foro íntimo também. Acredito nisso firmemente.

MAS NÉ GALERA, AÍ JÁ É UM NEGÓCIO MUITO CHATO, ESSE, DE SER CRÍTICX COM ESCOLHAS PESSOAIS, DE BUSCAR COERÊNCIA. O mundo tá cheinho de gente de esquerda, de luta, que tem empregada doméstica, reproduz machismo nos relacionamentos amorosos, etc.

E por isso, por mais ignorada que eu seja, sempre vou trazer o veganismo para as causas de esquerda. Vou sim tirar vocês da zona de conforto de pregar igualdade e liberdade enquanto comem cadáveres de seres que não escolheram nada.

"O bife é o corpo de alguém."

http://aqueladeborah.wordpress.com/2011/11/02/o-veganismo-precisa-de-gente-como-voce/
http://blogueirasfeministas.com/2012/07/a-politica-sexual-da-carne/
http://krasis.wordpress.com/2011/07/12/onivoros-a-minha-empatia-caga-na-sua/
http://distritovegetal.wordpress.com/2012/05/10/o-problema-de-classe-do-veganismo/


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